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Se você está criando a sua marca ou negócio de moda, eu tenho certeza que essa pergunta não sai da sua cabeça – como escolher o nome da minha marca? Esse é um tema que eu recebo com muita frequência dos meus alunos do Moda de Sucesso, e também dos meus seguidores do Youtube e Instagram. Se essa também é sua dúvida, vem comigo que nesse post vou te dar dicas para escolher o nome da sua marca.
Não comece pelo nome
Logo no início do planejamento da marca, vejo muitas pessoas com essa preocupação de qual nome escolher ou se o nome está bom, caso já tenha escolhido. Muitos se preocupam também em registrar o nome da marca antes de começar. Contudo, eu quero que você se concentre no que realmente é importante no começo de uma marca de moda. Eu vejo muitos de vocês perdendo muito tempo com essa reflexão do que escolher para o nome, se aquele nome é bom ou não. E muitos vão além e registram esse nome no INPI, fazem a logo e tudo mais.
O problema é que muitos fazem isso antes mesmo de validar o negócio, antes de comprovar que o negócio é viável, que os produtos vão vender e que vão cair no gosto das pessoas, que o preço de venda está correto e que tem uma margem legal. Então, antes de você se preocupar com tudo isso eu te aconselho a se preocupar com o negócio estar de pé, ter bons funcionários, os produtos chegarem até as pessoas e as pessoas gostarem desses produtos e comprarem pelo preço que você precisa para ter uma boa margem e ser competitivo no mercado.
Um nome mais fácil nem sempre é a melhor escolha
Definidas as questões principais do início de um negócio, vamos pensar no nome. Primeiramente, muita gente sugere escolher um nome que seja fácil de lembrar, fácil de escrever. Mas a história nos provou que isso não é necessariamente verdade. Em um primeiro momento, pode ser mais tentador pensar em um nome mais fácil, uma palavra que as pessoas saibam o que é. A desvantagem disso é que você pode ter vários concorrentes e até mesmo negócios de outros setores com aquele mesmo nome.
Por exemplo, vamos pensar em um nome simples como “cabide”. É um nome simples, as pessoas sabem como escreve e é relacionado com moda. A questão é que também é um nome muito comum. Se você pesquisar “cabide” no google vai aparecer umas mil e poucas páginas de lojas que vendem cabide, e o site da loja seria muito mais difícil de encontrar. E o mesmo serve para qualquer outro nome comum que seja fácil de escrever e que as pessoas sabem o que significa.
Outra dificuldade quando você escolhe um nome fácil e comum é que dificilmente você vai encontrar o domínio disponível. O domínio de um site é o “www”, no exemplo, seria www.cabide.com.br. E geralmente essas palavras mais corriqueiras alguém já foi lá e comprou esse domínio no passado. Essa pessoa pode te vender o domínio por um preço muito alto. Mas isso não acontece quando você tem um nome de marca ou loja com uma escrita difícil. Difícil de falar ou difícil de saber como escreve.
Um nome difícil pode ser mais fácil de achar
Muitas pessoas têm receio de colocar um nome difícil porque acham que os clientes não vão lembrar. Mas isso a história já nos provou que não é necessariamente verdade. Aqui no Brasil tem grandes designers, como o Alexandre Herchcovitch. Ele é um excelente estilista, muito conhecido, e as pessoas simplesmente descobrem como que escreve o nome dele. Se você pesquisar Alexandre Herchcovitch vai aparecer ele e não algum outro Alexandre com um sobrenome mais comum, que seja mais fácil de escrever, mas também mais concorrido.
Também é muito mais fácil de as pessoas saberem que aquele Alexandre Herchcovitch é o próprio estilista. Isso acontece com uma série de marcas que têm nomes difíceis. Quando as pessoas conhecem o seu negócio e se elas gostam dos seus produtos, elas vão se habituar ao nome, mesmo que seja um nome difícil. Inicialmente pode parecer que é um desafio maior, mas no longo prazo você acaba reforçando a sua marca e as pessoas vão comprar o seu produto porque elas gostam da sua marca, e não por causa do nome.
Não é recomendado utilizar o próprio nome
Quando a gente fala em nome de marca, ainda é bem comum as pessoas usarem seu próprio nome. Então, por exemplo, eu vou criar a minha própria marca e vai se chamar Andressa Rando Favorito – eu nunca tive vontade de ter a minha própria marca, mas se tivesse, isso é algo que os especialistas em direito da moda e propriedade intelectual aconselham a não fazer. Se você criar uma marca com o seu nome e se essa marca emplacar e você quiser vendê-la, você estará vendendo os direitos de uso do seu próprio nome.
Isso aconteceu inclusive com o Alexandre Herchcovitch e com uma série de outros designers. Eles vendem a marca para um grupo e essencialmente esse grupo é dono do nome deles, ou seja, o seu nome de pessoa física também é nome de uma marca. E se você quiser fazer outro empreendimento você não poderá utilizar o seu nome novamente. Por isso, não é muito aconselhável utilizar o próprio nome como nome da marca, pode trazer várias dificuldades legais. Então a recomendação é que não use o próprio nome, e também não fique tão preocupado em ser um nome fácil de escrever.
O melhor momento para registrar a marca
Sobre registrar a marca, a minha recomendação é que você não se preocupe com isso enquanto está começando a marca. Deixe isso para um segundo momento. Eu vejo várias microempresas que começam o negócio e que gastam muito dinheiro para registrar no INPI o que eles acreditam ser uma ideia de um nome muito inovador para uma marca, por exemplo.
Eu já vi um caso de uma marca de acessórios que, digamos, se chamava Andressa Acessórios X. Esse era o nome da marca e a dona fez logo, cartões, embalagens, tudo com volumes mínimos altos. Ela tinha caixas e caixas com o nome da marca e a logo, comprou o domínio e pagou todo o processo de registro no INPI (que é bem caro e demorado). O que aconteceu com esse negócio foi que, à medida que ela foi vendendo, ela descobriu que vendia mais calçados e vestuários do que os acessórios que eram a ideia original.
Então, nada é tão forte e tão verdadeiro quanto a prática, quando você realmente coloca os seus produtos para vender. E o que aconteceu nesse caso foi que os produtos que estavam de fato vendendo não eram os acessórios. Mas os acessórios estavam no nome da loja, em todas as sacolas, e ela queria até mesmo abrir mão da venda de acessórios e se concentrar nos outros produtos, mas já tinha gasto muito dinheiro com branding, sacolas e INPI.
Quando a gente tá no primeiro ano de uma marca é bem importante ter essa flexibilidade. De repente, o nome que você escolheu inicialmente funciona e o negócio emplaca. E quando você percebe que o nome está se reforçando, que as pessoas reconhecem aquele nome e que vale a pena para você seguir com o seu negócio, você faz esse registro.
Escolha um nome com domínio e @ disponíveis
Outro ponto importante sobre registro é que não é apenas o INPI. O que a gente quer é que ninguém use nosso nome, ninguém fure contrato, e a gente garante isso na prática. Hoje o que mais tem valor para as pessoas entenderem que aquela marca é sua é se você tem o @ no Instagram e se você tem o domínio (www). Um dos primeiros passos que as agências de marketing sugerem é que você busque se esse domínio está disponível, e se esse @ no Instagram está disponível. Porque as pessoas tendem a procurar na internet e vão te encontrar por lá.
Então se você tiver um concorrente direto com aquele mesmo nome pode ser mais difícil de as pessoas encontrarem a sua marca, mesmo sendo um nome fácil. Antes de procurar fazer o registro de marca, INPI, eu sugiro que a primeira coisa seja pesquisar esse domínio e o registro nas redes sociais.
Outra dica é uma questão pessoal, algo que eu particularmente gosto de fazer, mas que vai da sua preferência pessoal. Você pode explorar coisas como numerologia, se esse nome vai ser bom para o seu perfil numerológico, para a numerologia do seu nome combinada com a do seu negócio, se você tem sócio também, pode fazer esse estudo numerológico.
Pode contratar numerólogos para fazer esse serviço e levar vários nomes. Você pode fazer um brainstorming de vários nomes que você gosta, já pesquisar quais têm domínio disponível, e passar para esse profissional fazer uma análise se é um número forte e que vai dar força para você crescer nos seus negócios ou se vai ser um número que vai te trazer algumas dificuldades. Se você acredita em numerologia, fica essa dica também.
Se for preciso, troque o nome
E lembre-se que grandes players do mercado já mudaram de nome porque tiveram algum problema com ele. Muita gente tem medo de começar uma marca e depois precisar mudar o nome. Mas se o negócio é forte o suficiente, não tem problema mudar o nome. Um exemplo conhecido aqui no Brasil é o da Amaro, que é um e-commerce de moda. Eles começaram como Aremo, o domínio era aremo.com. Como eles são apenas e-commerce, o domínio é ainda mais importante para que as pessoas encontrem a loja.
E aconteceu que à medida que a Aremo começou a crescer houve uma intervenção da Arezzo, uma marca de calçados brasileira que é muito famosa. Para evitar maiores problemas a Aremo resolveu mudar de nome para Amaro. Isso não impediu nem um pouco o crescimento deles, nem perderam a base de clientes, porque é um e-commerce que funciona com produtos legais, com preço bom. É uma empresa de moda de sucesso que emplacou e os clientes foram atrás e encontraram a Amaro. Agora ninguém mais lembra que era Aremo.
Faça poucas buscas de domínio
Uma última dica sobre a busca de nome nos domínios é que existe uma teoria da conspiração, mas que eu já vi acontecer de verdade. É que quando você começa a procurar nesses sites onde você compra o domínio, se o nome que você procura tem domínio disponível ele pode aparecer por um preço, mas se você fica insistindo procurando o mesmo nome, esses sites entendem que é um domínio muito procurado e começam a subir o preço dele. Então, se você está interessado em um nome e já viu que ele está disponível, não fique procurando muito por ele, pois você mesmo pode acabar inflacionando o preço do seu domínio.
Espero que essas dicas te ajudem e te tranquilizem. O foco é no negócio, o nome vem depois. Não se preocupe e nem perca muito tempo com isso no começo. Vamos nos preocupar com o nome à medida que o negócio é validado e cresce.
E você, já definiu o nome do seu negócio? Como foi a experiência da escolha de nome para você? Conta pra mim!
Se preferir, confira o conteúdo desse post nesse vídeo.
Um super abraço e até a próxima!
Andressa Rando Favorito