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Quando se fala em negócios de moda, há um detalhe bem pequeno, mas que faz uma grande diferença, que são os nomes das coleções. Ao desenvolver uma coleção, seja para a nossa marca própria ou mesmo para uma loja de multimarcas, é preciso definir histórias e tendências que farão parte da coleção naquele momento. Nesse post vou explicar um pouco mais sobre a importância de dar nomes às suas coleções.

O nome conta a história da coleção
Para definir o nome de uma coleção devemos considerar todo o conceito que vai estar presente na loja naquele período. Por exemplo, em um período de outono/inverno você pode desenvolver uma coleção que remete às lãs, cachecóis, tricôs e crochês feitos à mão, etc. Ou seja, é criar todo um ambiente que vai demonstrar os objetivos daquela coleção.
E quando essa definição não é bem feita, ela confunde tanto os seus clientes quanto os seus funcionários – equipe de produto, equipe de estilo, equipe de vendas. Se, por exemplo, você possui em sua loja produtos que não têm nomes, como cardigã B ou cardigã 123, o produto fica sem personalidade. E considerando a estratégia da coleção, fica mais difícil comunicar a essência do produto ou mesmo as pessoas associarem o nome do produto com o produto em si.
Outro exemplo nesse cenário de outono/inverno seria ter um cardigã com o nome “Cancun”, pois não é um nome que as pessoas associam com o conceito daquela coleção (por se tratar de um destino geralmente associado à praia ou verão). Então, quando vamos desenhar uma coleção ou planejar o que vai estar à venda na loja em determinado período, é fundamental pensar na tendência, na história que essa coleção representa e nomeá-la a partir disso.
O propósito da coleção fica mais claro
Isso é mais comum quando a marca é sua. Quando você está desenvolvendo uma coleção para vender tanto na sua loja própria quanto no atacado, é muito importante nomear os seus produtos para a sua venda e também para o catálogo do atacado. Isso facilitará muito a sua venda para o atacadista, pois ele vai entender aquela coleção porque os nomes das peças são coerentes com o contexto.
Da mesma forma, quando o cliente compra o seu produto diretamente na sua loja, ele vai observar o nome do produto na nota fiscal (que geralmente é o nome que você registra no seu sistema de ERP pra identificar o produto). Mesmo que do ponto de vista do consumidor esse detalhe seja relativamente pequeno, aconteceu toda uma jornada desde o desenvolvimento do produto até que ele chegasse ao consumidor. Quanto mais clara é essa jornada com os objetivos do produto, mais fácil se torna o processo de desenvolvimento do produto e venda, que termina com o completo encantamento dos clientes pelo que estão adquirindo. E mais claramente esse produto chega ao consumidor final e mais você vende no médio/longo prazo também.
Essa clareza é muito importante para o engajamento da sua equipe de vendas, e as pessoas começam a associar seu produto a um conceito. Mais um exemplo, você cria uma coleção chamada “Machu Picchu” que contém as peças: cardigã alpaca, cardigã colina, tricô de cores de alfazema, e por aí vai. E o cliente começa a se envolver por aquela história. A própria equipe de vendas consegue ter um script de vendas mais rico e encantador ao passar esse conceito para o cliente.
Qual conceito deseja entregar com aquela coleção?
Se você reparar grandes marcas que fazem muito bem essa entrega do produto até o ponto de venda, vai notar que tudo está de acordo. Os #ProdutosIcônicos também são batizados. Muitas pessoas reconhecem o nome Birkin, que é a bolsa icônica da Hermès. Idem para o tênis Superstar da Adidas, enfim, temos tantos outros produtos icônicos e todos eles têm um nome.
Uma experiência em uma das marcas onde trabalhei foi quando estávamos analisando o histórico de coleções passadas, de dois ou três anos anteriores, e encontramos uma coleção de pijamas bem quentinhos de flanela com nomes de cidades do Brasil, como Sergipe, Amapá e outros nomes de cidades tradicionalmente quentes. A escolha dos nomes foi deixada aleatória para a funcionária responsável pelo cadastro dos produtos, que precisava de uma lista de nomes para usar. Decidiu usar uma lista de cidades para ter vários nomes possíveis e foi nomeando, sem conhecer o produto. Ou sem que a equipe de produto tivesse nomeado as coleções antes, dentro do conceito pensado para os produtos! O problema é pijamas de flanela ficam totalmente inadequados e confusos com um nome de cidades quentes onde talvez o produto nunca seria usado!
Esse tipo de coisa torna a coleção confusa e quanto mais confusão você tem tanto no seu sistema interno, no seu desenvolvimento de produto, na comunicação com todas as pessoas que estão trabalhando na sua empresa que vão levar esses produtos para o consumidor, mais confuso fica também o consumidor. A minha dica aqui é: pense no conceito que você está desenvolvendo para um período de vendas, para uma coleção. E considere quais tipos de nomes seriam interessantes para aquele conceito.
Seja criativo!
Você pode definir um tema para a sua coleção e utilizar aquele tema em todos os nomes dos produtos. Um exemplo de muito sucesso nisso é de uma marca de lingerie inglesa que chama Mimi Holliday que revendi por anos quando fui Gerente de Compras do Figleaves.com. Essa marca tinha um conceito de lingerie mais luxuosa, mas também bem divertida, então era fun e sofisticada ao mesmo tempo. Uma das melhores coleções que eles fizeram foi uma coleção muito colorida de primavera/verão na época que começou a onda dos neons. A coleção tinha nomes de bebidas como Piña Colada, Black Russian, Gin Tonic, Mojito, Caipirinha, etc.
O Caipirinha era verdinho com uma renda gelo, o Piña Colada era um amarelo neon bem cítrico com pink, e por aí ia. Então quando você olhava o catálogo para comprar aquela coleção e revender numa loja de departamentos ou multimarcas, você instantaneamente entendia todo o conceito daquele produto. E isso por causa de algo tão pequeno como batizar corretamente os produtos com nomes adequados ao conceito do que queriam vender naquele período. Você automaticamente entrava no mood e se encantava com a ideia de usar aqueles produtos.
Essa é a dica de hoje. E agora eu quero saber: você já batizou as suas coleções e produtos? Tem algum nome que te marcou de um produto seu ou que comprou e despertou esse efeito em você? Conta pra mim!
Confira o conteúdo desse post também nesse vídeo.
Um super beijo e até a próxima!
Andressa Rando Favorito